
Dragão do Mar
Francisco José do Nascimento, mais conhecido como Dragão do Mar, foi uma figura emblemática na história do Ceará e do Brasil. Nascido em 15 de abril de 1839, em Canoa Quebrada, ele se destacou como líder abolicionista, sendo uma das vozes mais firmes contra a escravidão no estado. Sua coragem e determinação contribuíram para a antecipação da abolição da escravatura no Ceará, tornando-o uma lenda e um símbolo da resistência.

Dragão do Mar, que era jangadeiro, ganhou notoriedade ao liderar um movimento de resistência que impediu o embarque de escravos para outras províncias do Brasil, principalmente para o Sudeste, onde a escravidão ainda era uma prática comum. Em 1881, ele e seus companheiros de jangada se recusaram a transportar escravos para os navios negreiros, desafiando tanto os proprietários de escravos quanto as autoridades. Seu ato de bravura foi decisivo para o fim da escravidão no Ceará, que se tornou o primeiro estado brasileiro a abolir a escravatura, em 25 de março de 1884, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea.
Francisco José do Nascimento recebeu o apelido de Dragão do Mar por sua atuação nas águas do Ceará, onde utilizava sua habilidade de jangadeiro para bloquear o comércio de escravos. Seu gesto heroico fez com que ele se tornasse um ícone não apenas no Ceará, mas em todo o Brasil. Ele é lembrado como um homem de princípios fortes, que não hesitou em arriscar sua vida e sua subsistência para lutar contra a opressão.
O legado de Dragão do Mar é celebrado de várias maneiras no Ceará. Uma das homenagens mais significativas é o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, localizado em Fortaleza, capital do estado. Inaugurado em 1999, o centro é um dos mais importantes complexos culturais do Brasil, abrigando teatros, museus, cinemas, e espaços de exposições. O nome do centro é uma homenagem direta a Francisco José do Nascimento, reconhecendo sua contribuição histórica e cultural para o Ceará e o país.

Além do centro cultural, outras homenagens ao Dragão do Mar incluem monumentos e espaços públicos batizados com seu nome. Em Fortaleza, uma estátua de Francisco José do Nascimento, localizada na Praia de Iracema, lembra a todos os que passam pelo local a importância de sua luta. Esta homenagem, junto com o nome de ruas e escolas em várias cidades cearenses, mantém viva a memória do jangadeiro que desafiou o sistema escravocrata.
A história de Dragão do Mar é também lembrada em eventos e celebrações, especialmente no dia 25 de março, quando o Ceará celebra a abolição da escravatura no estado. Nesse dia, diversas atividades culturais e educativas são realizadas em sua memória, reforçando a importância de sua figura na história do movimento abolicionista no Brasil.
Dragão do Mar é um exemplo de como a coragem individual pode influenciar grandes mudanças sociais. Sua luta contra a escravidão é um testemunho do poder da resistência coletiva e da importância de se posicionar contra as injustiças. O reconhecimento de seu papel histórico, através das várias homenagens no Ceará, é um tributo à sua determinação e ao impacto duradouro de suas ações.
O nome de Dragão do Mar ressoa como um símbolo de liberdade e dignidade. Sua memória continua a inspirar novas gerações, lembrando a todos que a luta pela justiça social é uma causa que vale a pena ser defendida, mesmo frente aos maiores desafios.
Redação: Maria da Silva